Em todas as postagens desse blog, você vai encontrar palavras duras, porém, nunca achará críticas pessoais, ou intolerância religiosa. A minha vida toda eu vaguei errante em busca de respostas. O meu intuito em tudo que escrevo é atingir aqueles que como eu, viviam, ou vivem agarrados a doutrinas bem pouco frutíferas. Da vela acesa ao cai cai pelo poder, experimentei um pouco de cada crença, mas continuei sofrendo horrores.
"Quem crê em mim, como diz a Escritura,do seu interior fluirão rios de água viva." (João 7:37-38)
Acho que meu sofrimento começou bem antes de eu nascer, já que meu pai e minha mãe sempre tiveram uma vida desgraçada. Minha mãe me conta que quando estava grávida uma tia minha tentou matá-la (águas passadas...). Meu pai completamente ausente nessa época (não por querer, creio que o vazio que ele tinha o fazia andar por aí afora em completo desespero). Fui batizada na igreja católica, mas me lembro, também, muito pequena, não mais que dois anos, de ser levada a uma casa espírita, (só não sei de qual vertente, mas me lembro de saias que rodavam e de uma senhora que jogou uma água fria na minha cabeça). Cresci deprimida, não dormia no escuro, via vultos, ouvia vozes e tinha pesadelos terríveis.
Dizem que crianças são felizes por serem inocentes. Eu vivia num abismo profundo, mesmo durante a infância. Meu pai incorporava com espíritos imundos dentro de casa. Fazia trabalhos pesados com ossos, ia ao cemitério fazer oferenda aos espíritos. Tudo isso para ficar rico. Morreu na miséria e doente, acho que deve ter chegado aos 50 kg. Nunca aquilo trouxe nada de bom para ele. Nem para mim ou minha mãe.
Fui crescendo e muitos me julgavam louca. Durante a adolescência flertei com o satanismo, andava de preto e curtia muito desenhar cruzes invertidas na carteira da escola. Chorava quase que diariamente. Acendia incesso, velas, chamava por deuses e deusas pagãos. Quantas vezes olhei pra lua buscando a felicidade que uma tal deusa prometia. Quantos patuás eu carregava na bolsa, para atrair o amor, para atrair sorte. Minha mãe adorava uma figa, banhos de rosas, sal grosso, passava defumador em casa. Quanto mais nos afundávamos nisso, pior era a nossa vida. Já tive épocas de quebrar tudo em casa. Adorava jogar algo na parede. Tinha ódio da minha mãe. Acho que tinha ódio do mundo.
Quanto mais o tempo passava, maior era o sofrimento. Um vazio interior, tinha vezes que eu me sentia no inferno. Vozes falavam o tempo todo "se mata!", "essa sua vida nunca vai mudar, o jeito é morrer!". Sempre diziam que eu era muito negativa. Uma vez, um menino que eu gostava soltou a frase "você é a pessoa mais negativa que eu conheço!". Nossa, aquilo foi um baque pra mim. Mas eu não conseguia mudar. Eu queria, mas parecia que havia algo mais forte. Em 2007, comecei a ouvir uma banda chamada Evanescence. As letras só falam de morte, sangue, escuridão. Foi o que eu encontrei: escuridão. Me sentia mergulhada no mais profundo abismo. Antes de dormir chorava, com medo da morte. Parecia que alguém me sufocava. Era uma angústia tão grande que é impossível descrever em palavras. Associo ao Evanescence e suas letras satânicas porque foi só parar de escutar que essa angústia tão forte deu uma cessada.
Pouco tempo depois me revoltei, comecei a ir numa denominação evangélica por conta própria (minha mãe já tinha ido a outras também, e me levado junto ao longo desses anos, por isso conheço várias... mas não firmamos em nenhuma). A doutrina era chorar sem parar e cair pelo poder. Mas eu já chorava tanto, eu queria era secar minhas lágrimas! Não fiquei. A escuridão continuava. Ia para as noitadas, bebia todas, ficava com qualquer um. Quantas vezes o caminho para casa foram só lágrimas! Minhas amigas sabem o que eu passei, elas estiveram junto. Nunca entenderam nada, claro! Acho que só conhecendo toda a história é que dá para entender. Eu nunca contei sobre minha infância porque também não tinha noção que tudo aquilo tinha ligação.
Reparem a quantidade de religiões que tive ao longo da vida. Nada adiantava. Há uns quatro ou cinco anos minha mãe começou a assistir a programação da madrugada da Igreja Universal. Eu ia afogar minhas mágoas nas noites afora e minha mãe fica vendo os pastores falarem em busca de algum conforto. Mas como só ouvir e não praticar não dá resultado, nada mudou. Até que ela decidiu ir. Engraçado que eu quis ir também, apesar de desiludida com todas as religiões, cri que lá era o lugar. Eu tinha certeza que eu tinha encostos (para quem não conhece a Igreja, acha que só vivemos de sessão descarrego). Foram dois anos e pouco manifestando com espíritos imundos. Eu e minha mãe. Várias vezes ela "voou" de um lado ao outro do átrio da igreja (sendo que minha mãe era de uma igreja batista fazia 3 anos... pois é.). Foi difícil a gente se libertar disso porque a gente não entendia que precisava obedecer a Deus.
Eu vivia à base de calmantes e antidepressivos tarja preta, mesmo dentro da igreja. É por isso que eu digo que ter uma religião não serve para PORCARIA NENHUMA! Se me perguntassem qual era a minha fé eu dizia: "Sou cristã da Universal". E minha vida continuava destruída. Quando desejei morrer de todo o meu coração e me humilhei com o resto de forças que eu tinha para Deus foi que Ele me salvou. Até hoje ninguém entende muito bem porque eu larguei as festas, as bebedeiras, as noites com qualquer um. Muitos tem a plena certeza que eu estou desperdiçando a juventude que ainda me resta. Apesar de estar perto dos 30, me sinto como uma menina. Parece que nasci há bem pouco tempo (o que não deixa de ser verdade). Nunca mais sofri com visões, depressão, nunca mais desejei morrer. Também não quebro mais nada em casa, nem tomo remédios.
A obediência que traz a vida (eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância -João 10:10), e não os rituais religiosos. Então, você pode bater no peito à vontade para defender sua religião, ou ainda dizer que Jesus é amor que ele aceita tudo. Quem sou eu para criticar. Agora, se você tem o desejo sincero de mudar o seu interior, não tem jeito. Tem que abrir mão, tem que sacrificar. Se a sua fé não funciona, de que ela te adianta?