sábado, 13 de abril de 2013

A Bíblia é machista? - parte II

Ok, ok eu demorei muito pra escrever esse post, mas fazer o quê a inspiração vem do alto. Bom, comecei falando de alguns trechos da Bíblia que falam sobre o papel da mulher numa sociedade baseada nos preceitos de Cristo e que comprovam que não há dominante nem dominado, em termos de homem e mulher. Mas a coisa não para por aí. As mulheres da Bíblia são tão sinistras, mas tão sinistras que eu me sinto uma frouxa quando leio suas histórias. Existem muitos exemplos e algumas histórias são longas. Não tem como usar todas. Por isso, vou fazer um resumão de algumas e colocar os capítulos e versículos bíblicos para conferência. Vale explicar que não tem qualquer ordem cronológica ou de importância. 

Escolhi uma soldado vietnamita para ilustrar porque eu acho que tem tudo a ver
Débora - Claro que eu começaria com essa mulher maravilhosa, rs. Justamente por ter o nome dela (e o jeito também, diga-se de passagem) me inspiro muito em sua história. Débora era juíza em Israel, no tempo que não havia rei (Livro de Juízes cap. 4-5). Gente, uma mulher com cargo de liderança em uma sociedade machista como a israelita há pelo menos mil anos antes de Cristo (Bíblia de Estudos e Profecias - Edição Corrigida e Revista - João Ferreira de Almeida). Ela não só tinha um cargo de liderança como tomou a frente do campo de batalha da guerra que acontecia em sua época, porque o responsável pelo exército teve medo e só teve coragem de ir com ela ao seu lado: "E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o SENHOR venderá a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes."(Juízes 4:9) - cara... Débora era siniiiiiisssstraaaaa. Tirou onda. 

Ester - Minha segunda favorita. Além de ter uma história linda (leia todo o capítulo de Ester, na Bíblia), que provavelmente inspirou muitos contos de fada da Disney e afins, só que ela não era tonta que nem as princesas da Disney, ela era extremamente aguerrida. Judia, vinda de uma família pobre, Ester foi convocada para ser umas das virgens do harém do rei da Pérsia. Uma delas seria rainha, e o resto concubina. Obviamente, ela foi escolhida como rainha. Quando seu povo foi ameaçado por um antissemita, ela arriscou a própria vida indo até o rei, clamar pelo seu povo (quem aparecesse na presença do rei sem ser chamado era condenado a morte). "Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci." (Ester 4:16).  Ester sua linda!!!

Raabe - Raabe só de ter existido e ter sido citada na Bíblia  já é a prova que esse puritanismo religioso ocidental "cristão" é uma bela duma palhaçada! Ela era prostituta. SIM, PROSTITUTA. Nem por isso Deus a rejeitou. Antes do povo judeu, liderado por Josué, tomar posse da terra prometida (sim galera a terra prometida não veio facinha, não. Tinha gente morando lá, teve guerra pra tomar posse), alguns espias foram enviados pra lá e Raabe os ajudou, com a promessa que ela e  TODA a sua família seriam poupados da morte. ("E Josué, filho de Num, enviou secretamente, de Sitim, dois homens a espiar, dizendo: Ide reconhecer a terra e a Jericó. Foram, pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali." Josué 2:1). Ela cria no Deus de Israel e sabia que  Ele havia dado aquela terra para seu povo (Josué 2:11-12), então, tratou logo de usar sua fé n'Ele, e claro, por conta disso, foi honrada. 

Tamar - A história dela é grande e um pouco confusa (Gênesis 38:6-30). Mas resumindo, ela era nora de Judá, casou com seu filho mais velho que morreu, casou-se com o segundo (naquele tempo era comum o irmão tomar a cunhada como esposa para que ela não ficasse desamparada), que também morreu. Seu sogro não quis dá-la ao terceiro com a desculpa que ele era muito novo (na verdade ele estava achando que a causa da morte dos seus filhos era ela, só que não era culpa dela e sim da má conduta dos filhos dele - vers. 7 e vers. 10). Judá mandou Tamar de volta para casa de seu pai. Gênesis possui histórias extremamente antigas, contemporâneas ao surgimento da humanidade, ser viúva naquela sociedade era desonra, já que a mulher vivia para casa e para o seu marido (isso não é uma imposição bíblica, apenas uma característica da sociedade da época). Tamar que não era boba nem nada, se passou por prostituta e enganou seu sogro. Engravidou dele ele foi forçado a tomá-la como esposa e assim devolver sua honra. Ela não aceitou a imposição de inferioridade imposta pelo seu sogro. Cobrou o que lhe era de direito, não foi passiva e se destacou. 

A mulher cananeia - Essa mulher sem nome, apenas nacionalidade nos traz uma força e um exemplo de ousadia incrível. Ela desafiou o próprio Senhor Jesus, que claro se agradou de sua fé. Com sua filha doente ela foi até Jesus para que Ele a curasse. Ele se negou, pois segundo Ele, tinha vindo para as ovelhas perdidas de Israel (Mateus 15: 22-24). Aí ela foi derrotada pra casa chorando? Ah tá... ahã. Insistiu. Tomou outro fora de Jesus: "Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos." (vers.26). Ela não quis nem saber, retrucou: E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. (vers. 27). Resultado: "Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã." (vers.28). Aí os religiosos vão dizer: "Nossa como Jesus era mau!" Acorda gente! A história ficou de exemplo, não ficou? Era essa intenção. Não importa se você é tida como menor (por ser mulher, ser estrangeira, ser o que for), é só usar a força que você tem que a coisa acontece.

Bate-Seba - Bate-Seba era mulher de Urias, soldado de confiança do Rei Davi. Enquanto seu marido estava na guerra, ela o traiu com o rei. Mandou mal, pois é, mas se arrependeu do seu erro, e depois, da morte de Urias (o rei mandou matar ele para ficar com sua mulher - ele também se arrependeu depois), casou-se com o rei e manteve a cabeça erguida. Mas não é dessa história que eu quero falar. Mas sim, de quando já velha, cobrou o direito do seu filho Salomão de ser rei. Um dos filhos do rei Davi tentou dar um golpe de estado e assumir o lugar do pai que estava velho e doente (1 Reis 1: 5-14).  Bate-Seba, que apesar de mulher do rei não tinha o título de rainha, tratou de exigir do rei o cumprimento da promessa de que Salomão é que seria rei (1 Reis 1:15-21). Se nos tempos do Rei Davi as mulheres não tinha voz, essa regra não valia para Bate-Seba. 


*Ps: Não sou feminista, nem machista. Acho que no máximo poderia ser "humanista", rs. Acredito muito no valor do ser humano, acho que não existe superioridade nem de gênero, cor, etnia, classe social, ou afins. Tudo na sociedade (de ontem, de hoje e de amanhã) é construído. O que hoje é poder, amanhã pode ser ruína e vice-versa. Minha intenção com esses textos é mostrar que para Deus, o valor de um homem é exatamente o mesmo do que o de uma mulher. Essa coisa de supremacia masculina é uma construção, uma forma de visão distorcida que ficou ainda mais marcante por conta de n acontecimentos históricos que culminaram na sociedade que vivemos hoje. Só que a intenção original (a Criação) não era essa. 











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